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Declaração do Imposto de Renda segue impactada por greve dos auditores-fiscais

11/04/2025Economia e finanças

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DS Curitiba

Falhas pontuais no lançamento do programa da declaração do Imposto de Renda chamaram a atenção da população e da mídia nas últimas semanas. O que nem todos sabem, porém, é que esses problemas estão diretamente ligados à greve dos auditores-fiscais da Receita Federal, que já dura mais de 100 dias.


Esse é apenas um dos efeitos da paralisação, causada pela ausência de negociações por parte do Governo Federal e pelo descumprimento de um acordo previamente firmado com a categoria. A expectativa é que os transtornos continuem — e podem até se agravar.


“É evidente que esta é uma situação que não agrada ninguém. Os auditores-fiscais gostariam de seguir seu trabalho normalmente e receber do Governo Federal o mesmo reconhecimento que outras categorias já receberam. Entretanto, na prática, a realidade é completamente diferente. Enquanto esse cenário não for resolvido, a greve continuará — até porque há um inequívoco aumento da mobilização, que ocorre de forma constante”, afirma Carlos José de Oliveira, presidente da Delegacia Sindical de Curitiba do Sindifisco Nacional.


Em entrevista à imprensa, o presidente do Sindifisco Nacional, Dão Real, também comentou os impactos e alertou que o contribuinte pode ser diretamente afetado.


“Caso a greve continue por muito tempo, teremos ainda o atraso no pagamento das restituições do Imposto de Renda, pois as declarações que caírem na malha fina devem demorar mais para serem analisadas”, prevê.


A paralisação também provocou o atraso de aproximadamente duas semanas na liberação da declaração pré-preenchida — ferramenta utilizada por muitos contribuintes. Segundo dirigentes sindicais, ainda não é possível estimar o total de prejuízos que poderão surgir até que o movimento grevista chegue ao fim.


Os efeitos da greve, no entanto, vão muito além do Imposto de Renda. Há impactos na entrada e saída de mercadorias do país, atrasos em processos alfandegários, lentidão na análise de casos de sonegação fiscal e prejuízos às equipes especiais focadas na intensificação da arrecadação.


Só neste último ponto, que está em fase final de negociação, o valor em jogo ultrapassa os R$ 14 bilhões.


Mobilizados em todo o país, os auditores-fiscais planejam um ato público nacional no dia 15 de abril. O principal ponto de impasse segue sendo a reposição salarial, que já foi concedida a outras categorias do funcionalismo público, mas não aos auditores, que buscam negociação também no plano de saúde e na igualdade do pagamento do bônus para os aposentados. A paralisação teve início em 26 de novembro de 2024 e, até o momento, não há perspectiva concreta para o encerramento da greve.


Fonte: DS Curitiba